“YGAPO – Terra Firme” de Denilson Baniwa – Museu das Culturas Indígenas-MCI
Casa de Reza – 5º piso
Com a invasão imobiliária, a Mata Atlântica sofre com a derrubada das árvores na Aldeia Jaraguá. Com essa imposição, o artista Denilson Baniwa propõe experiências sensoriais!
O espaço foi preparado para receber a proposta curatorial de Paula Borghi, criando uma cenografia própria de introspecção. Descalços os visitantes caminham sobre folhas secas. Cercado por paredes de barro e fibra de coco, um tronco, da Mata Atlântica, içado até o andar e com focos de luzes direcionadas, conduz o olhar e a reflexão! Totalmente acessível.
Ygapo Terra Firme
“Ygapo Terra Firme” - texto da Paula Borghi
NÃO HÁ TERRA QUE SEMEIE SEM ÁGUA, NÃO HÁ ÁRVORE QUE CRESÇA SEM TERRA. QUANDO AS ÁGUAS DESCEM, O SOLO É COBERTO POR UMA DENSA CAMADA DE MATÉRIA ORGÂNICA QUE CRIA UM GRANDE TAPETE NA FLORESTA AMAZÔNICA.
YGAPÓ, DO TUPI ANTIGO “RAÍZES D´ÁGUA”, É UM ECOSSISTEMA FORMADO NAS MAIS ANTIGAS REGIÕES GEOLÓGICAS DA TERRA, PROVENIENTE DE MILHÕES DE ANOS PARA QUE A FLORA RESISTENTE PUDESSE ENFRENTAR AS CONDIÇÕES DE CONTÍNUAS MUDANÇAS E UM TERRENO POBRE EM NUTRIENTES. A INTERVENÇÃO HUMANA COMO MINERAÇÃO, DESMATAMENTO, BARRAGENS HIDRELÉTRICAS E INCÊNDIOS SÃO OS MAIORES CRIMES CONTRA ESSE ECOSSISTEMA.
YGAPÓ TERRA FIRME É A METÁFORA DA RESISTÊNCIA INDÍGENA, QUE MESMO EM CONSTANTE AMEAÇA EXTERNA VEM PELA COLETIVIDADE E COMPARTILHAMENTO DE SABERES TORNAR POSSÍVEL O VISLUMBRE DE UMA FUTURA EXISTÊNCIA. A DANÇA, O CANTO, O FAZER COM AS MÃOS E A CONEXÃO COM AS FLORESTAS SÃO CAMINHOS PARA A CONTINUIDADE DA CULTURA E DA VIDA. MESMO QUE ÁRVORES CAIAM, SUA MATÉRIA ORGÂNICA TORNA VIÁVEL O NASCIMENTO DE OUTRAS AINDA MAIS FORTES.